quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

GRANDES VIAGENS NA MINHA TERRA PEQUENA

Ouves o grito?
Ouve-lo mais alto, sempre mais alto e cada vez mais fundo?...
- É preciso matar segunda vez os mortos.
Raul Brandão, Húmus.

Tive a oportunidade de, nos últimos três dias, realizar uma viagem. Fui ao coração da Serra da Estrela. Uma grande viagem a um cantinho recôndito do "rectângulo" que é Portugal. Não fui à procura da neve nem, tão-pouco, do famoso queijo da serra. Queria somente encontrar tranquilidade, nas montanhas, mais perto do céu.
Subi caminhos de pedra, ofegante e com o interior rasgado. Trouxe comigo fragmentos do passado, alguns muito especiais que me marcaram intensamente. Murmúrios do ontem. Páginas amareladas pelos anos, com um característico cheiro a guardado...
Não havia lugar algum para fugir. Decidi deixar para trás o baú de recordações, tendo a plena convicção de que o que passou, passou. Não volta mais. Foi tão bom ficar presa a nenhuma esperança e sentir o vento frio a me reavivar a alma!
Fiz das estrelas mensageiras das minhas emoções. Despedi-me na calmaria do silêncio. Com lágrimas mas sorrindo. Consciente e tranquila. Recomeçar. Acreditar, de novo. Difícil mas não impossível! Tentar, pelo menos.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

À PROCURA DE...


- um sinal que mostre o caminho;

- uma resposta ao virar da esquina;

- uma escolha sem prazos;

- um abraço sem tempo;

- ...

sábado, 3 de janeiro de 2009

À LUZ DO DIA

Hoje sonhei com a vida. Tal como ela é. Personagens de sempre. Reais. Histórias de agora. Reais. Acordei perdida e angustiada como quem teve um sonho mau.
Acho que já passou. Ao vivo e à luz do dia, a vida real é o que é. Não há enganos nem fantasias. E basta esta certeza para tornar tudo mais simples. Até o que tentamos fingir que não nos faz confusão.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

FELICIDADE PARA TODOS!

A felicidade só é felicidade quando a denominamos assim. Mas, quantas e quantas vezes a temos ao nosso lado e não percebemos?
Viajar, sonhar, procurar, idealizar... a nossa felicidade.
FELICIDADE? Somos nós que a fazemos!!!



Felicidade Realista, Mário Quintana

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor,
o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre:
queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema:
queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno:
queremos AMOR, todinho maiúsculo.
Queremos estar visceralmente apaixonados,
queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados,
queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo,
queremos sexo selvagem e diário,
queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade.
Você pode ser feliz solteiro,
feliz com uns romances ocasionais,
feliz com um parceiro, feliz sem nenhum.
Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo.
Não perder tempo juntando, juntando, juntando.
Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado.
E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda,
buscando coisas que saiam de graça,
como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas,
trabalhar sem almejar o estrelato,
amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo,
buscar lá dentro o que nos mobiliza,
instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples,
você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Ela transmite paz e não sentimentos fortes,
que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração.
Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

RECEITA DE ANO NOVO


E para dar as boas vindas a 2009, fica uma receita do poeta Carlos Drummond de Andrade:


RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta, recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança,
a partir de Janeiro, as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro,
tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo,
eu sei que não é fácil,
mas tente,
experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo cochila
e espera desde sempre.