segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O VENTO


Eu sou o vento
que sacode as folhas das palmeiras,
das árvores,
dos salgueiros.
Que fustiga as ondas do mar.
Que entra pelas frestas das portas, das janelas.
Que chora nas noites de inverno.
Que varre as planícies e chapadões.
Que traz o frio consigo.
Arma-se em tempestades e movimenta as nuvens do céu.
Eu sou muitas vezes o ar
que ventila, areja e refresca.
Movimenta os cataventos.
Às vezes me torno arrogante.
Crio o vazio nas florestas.
Jogo as folhas secas no chão.
Outras vezes me torno suave.
Sou brisa, aragem, viração.
Sou também a borrasca.
Armo tormentas, procelas e temporais.
Brinco com a própria língua.
Abuso dos sinônimos.
Atiço o mar contra as rochas.
Torno-me vendaval.

Olympiades Guimarães Corrêa
In: Eterna Procura

Sem comentários: